Rob Heran é um dos melhores ciclistas de montanha da Alemanha. Está sempre em viagem a bordo da sua T3. À procura dos lugares mais espetaculares para as suas acrobacias.
O fascínio por andar de bicicleta de montanha apoderou-se de Ron Heran logo na sua tenra idade, aos cinco anos. Um dia a sua irmã levou-o com ela ao parque, colocou-o na bicicleta dobrável da mãe e deu-lhe um empurrão. A vertigem da velocidade não lhe despoletou medo, mas, sim, entusiasmo. Hoje, com 36 anos, é ciclista profissional – e tem uma estante cheia de taças. Para além das competições, procura sempre novos desafios com a sua bicicleta. E, para isso, não conhece limites de distância. Já viajou por todos os países da Europa e até pelo continente africano para explorar os seus limites em terrenos sempre novos e sob as condições mais adversas. Foi necessário um veículo especial que satisfizesse as exigências de um ciclista profissional incansável. Não tardou até Rob Heran encontrar a Volkswagen T3. Como nasceu esta união de Ron com a T3? Porque a escolheu? Este natural de Praga concede um olhar sobre a sua vida de aventura e explica o porquê da tração integral ser essencial nas suas viagens.
Como nasceu esta paixão pela Pão de Forma?
Comprei a minha primeira carrinha Volkswagen T3 pela Internet por 890 Euros durante a minha formação. Uma Transporter azul da Proteção Civil. Esvaziei-a por completo, instalei uma cama e mantive o restante equipamento totalmente minimalista. Pois ainda tinha de haver espaço para bicicletas, pranchas de surf e snowboards. Quando terminei a minha formação, desfiz-me da minha habitação e vivi durante vários anos na minha carrinha.
E depois como se desenvolveu esta relação?
Há 10 anos fiz então um upgrade e adquiri uma T3 por 5.400 Euros. Provinha de um efetivo militar e estava mesmo em boa forma. Um veículo de transmissões com dois alternadores. Já alterei várias coisas nesse – montei pneus grandes, escureci os vidros, instalei um sistema de som e coloquei um revestimento no piso. Oficialmente, esta T3 ainda era uma Transporter homologada como veículo ligeiro de passageiros, mas bastante mais habitável agora.
Por que é que esta vida móvel é tão interessante para um ciclista profissional?
Enquanto ciclistas de montanha profissionais temos, de facto, o grande privilégio de obter permissões especiais de acesso a montanhas e regiões remotas para filmarmos os nossos vídeos acrobáticos. Podemos pernoitar na montanha e temos todo o equipamento connosco. Com os primeiros raios de sol começamos de imediato a trabalhar. A T3 torna-se na nossa base de operações na montanha.
Onde já estiveste com a tua T3?
Viajei de uma ponta a outra da Europa. Conheço os melhores spots e pistas de bicicleta de montanha em Itália, França, Espanha e Portugal. Cheguei a ir até Marrocos com a T3. Assim que atravessamos a fronteira, percebemos que estamos em África. A T3 adaptou-se sempre às novas condições na perfeição.
No interior remoto de Marraquexe consegui sair pelos meus próprios meios de um buraco de lama. Graças à tração integral e ao gancho de reboque!
Por falar em “gancho”: Que utensílio tem de estar sempre presente?
Trago comigo todas as ferramentas de que preciso para manter as minhas bicicletas em condições em qualquer cenário e para consertar o carro em caso de emergência (risos). Preciso apenas de um conjunto de chaves tubulares, algumas chaves sextavadas, um conjunto de roquetes e um bom macaco. É isto que é prático em veículos mais antigos, o facto de poderem ser reparados em qualquer lugar.
Já passaste por uma situação dessas com a T3?
Em Marrocos tive que reparar a caixa de velocidades. Tive ajuda de dois mecânicos locais. Estávamos três pessoas debaixo do carro algures num spot perfeito para surfar, desmontámos completamente a caixa de velocidades com as minhas ferramentas. Como é evidente, os dois mecânicos não tinham qualquer peça sobresselente apropriada. Sem mais cerimónias, desmontaram uma semelhante de um Golf antigo proveniente de uma sucata e adaptaram-na até ela encaixar. Essa caixa de velocidades funciona até hoje sem problemas.
O espaço a bordo da T3 é sensacional. O motor situa-se atrás. Sobre ele está montada uma cama. Depois ainda tenho espaço para quatro a cinco bicicletas.
Rob Heran
Que vantagens te proporciona a T3 no teu dia-a-dia?
Como já disse, a espetacular tecnologia de tração integral já me salvou muitas vezes no terreno. Com os dois bloqueios mecânicos do diferencial nunca perco a aderência. E o espaço a bordo da T3 é sensacional. Já que o motor se situa atrás, todo o veículo acaba por ganhar espaço interior. Quase durmo em cima do motor onde está montada a cama, mas ainda sobra espaço para transportar quatro a cinco bicicletas.
Que locais ainda pretendes visitar com a tua T3?
O meu sonho é levar a Pão de Forma (“Bulli”) até aos EUA de navio. Iniciaria a minha viagem na costa oeste do Canadá e levaria comigo o fim do verão (Spätsommer) e o verão indiano (Indian Summer). Depois perseguiria o sol em direção à Califórnia, continuando depois para a América do Sul. Ou seja, acho todo o itinerário Pan-Americano fascinante.
Factos sobre a T3
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Ano de construção: 1990
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Motor: TDI 1,9 litros
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Potência: 88 kW (120 cv)
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Velocidade máxima: 140 km/h
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Destaques de equipamento: Tração integral, bloqueio do diferencial, jantes de 15 polegadas, proteção inferior, gancho de reboque
Já conseguiste inspirar outras pessoas com a tua história com a T3?
Alguns adolescentes que também já estiveram comigo no Bike-Camp estão a preparar-se para iniciar os seus estudos superiores, mas, antes disso, ainda gostariam de fazer uma Bike-Trip. Neste caso dou-lhes conselhos sobre como transformar uma Transporter sem gastar muito dinheiro e fazer dela o veículo ideal para uma aventura dessas. Entretanto, na internet também já se formou uma grande comunidade de seguidores. Até mesmo fãs da Volkswagen costumam perguntar-me como é que eu transformei a minha T3.
Conseguiste alcançar muita coisa enquanto ciclista profissional. Que objetivos ainda persegues?
Apesar de tudo, em termos desportivos quero continuar a evoluir. Experimento novas acrobacias e movimentos, pois enquanto ciclista profissional nunca se para de aprender. Competição é algo que já não procuro necessariamente. Para mim é importante – seja qual for o sítio para onde parto com a minha Pão de Forma (“Bulli”) – conseguir sempre dominar o terreno local.